Resenha: Crooked Kingdom – Vingança e Redenção (Six of Crows #2)

Crooked Kingdom: Vingança e Redenção é a grande conclusão da duologia Six of Crows e a ousada aventura de Kaz e sua equipe.

Neste livro de encerramento, Leigh Bardugo lança seus seis protagonistas em uma jornada final de maneira caótica, inovadora e, ao mesmo tempo, extremamente emocionante.

Diferente de muitos livros, Crooked Kingdom não sofre da síndrome de segundo livro e entrega uma história que conseguiu ser ainda melhor que Six of Crows (o que não é um feito fácil).

Após o final tenso de Six of Crows, Kaz Brekker e os corvos se veem desfalcados pela ausência de Inej, tornada refém sob as garras de Jan van Eck, o mercante que os contratou e traiu – e pai de Wylan.

Agora, caçados pela polícia de Ketterdam e pelas gangues rivais da cidade, Kaz precisa elaborar o plano mais audacioso de sua carreira de ladrão para garantir que todos os seus amigos saiam dessa com vida.

“Alguém notou que a cidade inteira está atrás de nós, com raiva de nós, ou quer nos matar?
“E daí?”, disse Kaz.
“Bem, geralmente é só metade da cidade.”

Sobre os personagens

Os protagonistas de Six of Crows se mantém em Crooked Kingdom, com uma adição: Wylan, membro ainda encontrando seu lugar na equipe, ganhou seu ponto de vista, reforçando implicitamente seu crescente pertencimento entre os corvos. Assim, todos os seis membros do grupo têm voz e belíssimos arcos de personagem.

Antes de seguir com esse quadro, deixo o aviso de que os próximos parágrafos, obviamente, conterão spoilers do primeiro livro, Six of Crows!

Após o sequestro de Inej, Kaz está um caos emocional.

Seus planos para recuperá-la são sem escrúpulos, mas ainda assim ele se recusa a admitir que seja porque ele sente sua falta. Essa percepção é a chave para ele começar a encarar os traumas que por tanto tempo o fizeram se manter afastado e indiferente ao mundo. Agora, ele precisa decidir se ele quer continuar sendo o Mão Sujas, o maior criminoso de Ketterdam, ou um homem melhor.

O seu arco de personagem em Crooked Kingdom é o meu favorito de longe!

Inej, mesmo presa e enfraquecida, não pretende ser usada por refém por van Eck. Antes sem propósito como uma espiã e arma, ela finalmente sabe qual o seu maior desejo: tornar-se uma pirata e caçar traficantes de escravos, para que ninguém mais passe pelo que ela sofreu na infância.

Mas para começar a seguir esse sonho, ela precisa fugir, e garantir que seus amigos também sobrevivam no processo. Inej segue sendo uma das minhas personagens favoritas, batalhando com Kaz pelo primeiro lugar – mas eu os deixo dividirem o pódio.

“Podemos enfrentar todo tipo de dor. Mas é a vergonha que devora o homem.”

Nina não está nada bem. Após consumir jurda parem para salvar seus amigos e garantir a fuga do grupo da Corte do Gelo, ela tem sofrido há dias de uma agressiva abstinência.

Mas, pior do que isso, ela tem sido incapaz de usar seus poderes Grisha desde que os efeitos da droga passaram. Ela teme não ser forte o suficiente para resistir à abstinência e garantir seu futuro com Matthias.

O arco de Nina retrata muito bem a luta de dependentes químicos e todo o sofrimento físico e emocional que a abstinência causa numa pessoa.

Matthias abandonou sua pátria, tendo confrontado os horrores que ambos cometeram contra os Grisha, mas ele sente que seu passado ainda o persegue, e preconceitos antigos também não são tão simples de superar.

Acho o desenvolvimento de Matthias muito emocionante, mostrando a luta psicológica que pessoas que cresceram em ambientes tóxicos e preconceituosos acabam por passar ao tentar abrir suas fronteiras para um mundo diferente.

Wylan não sabe o que o mantém dentre os corvos, pois apenas a vontade de fazer seu pai pagar por seus crimes não é o suficiente. Embora disposto a ajudar seus amigos a saírem dessa enrascada inteiros, ele precisa de um propósito maior para seguir em frente.

Adoro a forma criativa e científica que Wylan soluciona seus problemas, e seu arco tem algumas das melhores reviravoltas!

Jesper cometeu muitos erros e teme que não será perdoado por nenhum, nem por ninguém. Enquanto tenta consertar as coisas, ele precisa encarar a pessoa que era, a pessoa que quer ser, e o que ele visa fazer com os poderes Grisha que ele lutou a vida toda para esconder. Gosto muito dos riscos que Jesper toma nesse livro, e a forma que ele lentamente abandona hábitos antigos na sua busca de autoaperfeiçoamento.

“Essa ação não terá eco. Significa que não cometeremos os mesmos erros, que não continuaremos a causar mal.”

Os casais

E, assim como em Six of Crows, as cenas de romance em Crooked Kingdom são absolutamente perfeitas!

Kaz e Inej se tornaram um dos meus casais favoritos de todos os tempos, com cenas lindas e tocantes (entendedores, entenderão) do começo ao fim, conforme Kaz passa pela sua árdua jornada de superação.

Matthias e Nina seguiram com louvor o casal estilo enemies to lovers, e os momentos que eles compartilham são sempre muito fofos!

Wylan e Jesper são adoráveis e o casal mais engraçado, devido ao quão desajeitados os dois são. Me fizeram rir diversas vezes enquanto simultaneamente sorria com o quão adorável é romance deles.

“Tê-la conhecido foi um desastre. […] Mas sou grato todos os dias por esse desastre. Precisava de um cataclismo para me sacudir da vida que eu conhecia. Você foi um terremoto, um deslizamento.”

Muitas pessoas podem terminar Crooked Kingdom sem entender muito bem o grande plano de Kaz, mas a satisfação com os personagens é garantida.

Além disso, as chances de sair desta duologia com dois, três, ou até seis personagens favoritos para a vida, é bem alta!

Sobre a trama

Pode-se dizer que a trama de Crooked Kingdom é dividida em duas partes.

A primeira parte retrata os planos de Kaz e dos corvos para resgatar Inej, e como o grupo tenta se manter unido neste período de incerteza e perigo, visto que eles precisam se esgueirar e esconder para evitar que a polícia de Ketterdam os encontrem.

A segunda parte apresenta a luta final entre os corvos e Jan van Eck, que tem nos bolsos a força policial de Ketterdam e todas as gangues rivais que há anos tentam acabar com a dominância de Kaz sobre o submundo da cidade.

Além disso, a história se torna ainda mais complicada quando a busca por Kuwei, resgatado da Corte do Gelo e a única pessoa viva que conhece a receita para jurda parem – em suma, o prisioneiro mais valioso que existe – passa a envolver as maiores nações do mundo.

Com isso, uma trama que parecia inicialmente simples e direta torna-se deliciosamente complexa e, a cada página virada, cada vez mais difícil para os corvos.

Bem ao estilo de histórias de heist, eu ficava ansiosa tentando imaginar como Kaz e os outros conseguiriam sair de mais um beco sem saída, e sempre me via positivamente surpreendida com suas soluções criativas.

“Sem luto.”
“Sem funerais.”

Do começo ao fim, Crooked Kingdom é uma montanha-russa de emoções. Suspirei com os romances, sorri até doer nas cenas de ação, chorei e sofri nos momentos tristes. Entre nessa aventura final com o coração pronto, porque tudo pode acontecer com os corvos.

Sinopse de Crooked Kingdom

• Título: Crooked Kingdom – Vingança e Redenção
• Série: Duologia Six of Crows #2
• Autora: Leigh Bardugo
• Editora: Gutenberg
• Lançamento original: 2017

Sinopse: “Confiar na pessoa errada pode custar a própria vida.”

Após se safarem milagrosamente de um ousado e perigoso assalto na notória Corte do Gelo, Kaz Brekker e sua equipe se sentem invencíveis. Mas o destino está prestes a dar uma perigosa guinada e, em vez de dividir uma vultosa recompensa, os seis comparsas terão que se munir de forças, de armas e de seus talentos para lutar pelas próprias vidas. Traídos e devastados pelo sequestro de um valioso membro da equipe, o Clube do Corvo agora conta com poucos recursos e aliados, e quase nenhuma esperança.

Enquanto isso, forças descomunalmente poderosas se abatem sobre Ketterdam para desenterrar os segredos mais sombrios da potente droga conhecida como jurda parem, ao passo que antigos rivais e novos inimigos surgem para desafiar a perspicácia de Kaz e testar a frágil lealdade de seus parceiros. Agora, todos terão de enfrentar seus próprios demônios, e será preciso muito mais do que sorte para sobreviver à guerra que está se armando nas ruas obscuras e tortuosas desse implacável submundo – uma batalha por vingança e redenção que decidirá o futuro do mundo Grisha.