“Uma história não tem princípio nem fim, só portas de entrada.”
(O Labirinto dos Espíritos – Carlos Ruiz Zafón)
Eu poderia te apresentar Zafón com essa simples frase, dizer para você os títulos dos livros e boa leitura. Poderia, sim, pois ela define muito bem esse escritor.
Não importa por onde você vai começar a ler e nem quando, apenas comece. Pegue seu chá ou café e desfrute do seu tempo ao lado desse novo universo misterioso que somente Zafón consegue criar.
Suspense é o seu toque especial – o que faz com maestria e sutileza. Mas não pense naquelas histórias de suspense e mistério cansativas e longas que chegam num final óbvio, Zafón sabe muito bem mesclar estilos em suas obras.
Ele coloca um toque de suspense aqui, uma pitada de romance ali, aqueles tons de complexidade, obscuridade e, para finalizar, um suspiro de mistério no ar. Sem exageros! Não tem drama piegas, mas sim algo real e faz qualquer um se identificar.
E não posso deixar de mencionar a sua incrível capacidade de descrever acontecimentos tão perfeitamente que conseguimos visualizar diante dos olhos o que ele está contando. Um fator crucial para me amarrar ao livro. Lembro perfeitamente em minha mente lugares que nunca fui. E mais, ele me fez amar Barcelona sem nunca a ter visitado.
Quem é esse tal de Carlos Ruiz Zafón?
Vencedor de mais de 20 prêmios literários, Zafón foi um escritor de Barcelona, Espanha. O seu título mais conhecido é A Sombra do Vento, traduzido em 36 idiomas e publicado em cerca de 45 países (já ultrapassou a marca dos 10 milhões de cópias vendidas).
Não é para qualquer um, não é mesmo? No Skoob, ele recebeu a nota de 4,9 (de 5) e possui mais de 85 mil leitores.
Carlos Ruiz Zafón viveu em Los Angeles desde 1993, onde passou alguns anos escrevendo roteiros enquanto crescia na sua carreira como escritor. Acredito que é esse o fator que contribuiu fortemente para a sua capacidade de descrever cenários e acontecimentos com tanta delicadeza e perspicácia.
Os aspectos cinematográficos em sua escrita é o principal motivo que me fez colocar Zafón como o meu escritor favorito.
Os livros de Carlos Ruiz Zafón
Trilogia da Névoa
Zafón iniciou sua carreira com romances juvenis. Seus primeiros livros foram:
- O Príncipe da Névoa (1993)
- O Palácio da Meia-Noite (1994)
- As Luzes de Setembro (1995)
Você pode encontrá-los na Amazon.
Marina
Em 1999 Carlos Ruiz Zafón nos presenteou com Marina, seu último livro juvenil, mas com uma narrativa mais madura.
É também nesse livro que o personagem favorito de Zafón aparece, a cidade de Barcelona. A partir daí ela passa a ser a casa das histórias do autor. Ela é apenas o cenário, mas já começamos a nos apaixonar por conta da forma como ele a descreve.
Cemitério dos livros esquecidos
É em 2001 que tudo muda, Zafón publicou o seu primeiro livro para o público adulto e finalizou com uma tetralogia.
Ordem dos livros de Cemitério dos livros esquecidos:
- A Sombra do Vento (2001)
- O Jogo do Anjo (2008)
- O Prisioneiro do Céu (2011)
- O Labirinto dos Espíritos (2016)
Essa série pode ser lida em qualquer ordem e ainda assim será compreendida perfeitamente.
Cada livro é uma história fechada e interligada. Os acontecimentos de uma não impedem o entendimento da outra, mas tem personagens e um espaço em comum: a biblioteca maravilhosa denominada de O Cemitério dos Livros Esquecidos (que dá nome à tetralogia).
“Os romances desse ciclo são livros sobre a literatura, o ato de escrever, a linguagem, a narrativa, os leitores. É um mundo de livros dentro dos livros, uma série de novelas que refletem sobre o que significa a criação literária.”
(Carlos Ruiz Zafón sobre a tetralogia)
Eu, particularmente, comecei a ler essa tetralogia por O Jogo do Anjo e seguindo para O Prisioneiro do Céu e só depois A Sombra do Vento. Ainda não li O Labirinto dos Espíritos, mas, obviamente, é o próximo da minha lista.
Vivi a experiência de não seguir a ordem de publicação de Cemitério dos livros esquecidos e posso afirmar que nada interfere no contexto geral.
Mas qual é a explicação para essa curiosa ausência de sequência obrigatória? A única saída que Zafón achou para a nos contar essa complexa história foi dividir em vários livros e nos dar quatro portas de entrada. Cada uma com a sua própria personalidade e, ainda assim, parte de um conjunto.
A Cidade de Vapor
A editora Suma publicou em 2021 um livro inédito com 11 contos reunidos do escritor. O livro se chama A cidade de vapor e está disponível na Amazon.
Está é uma obra póstuma, já que o escritor faleceu em 2020 depois de complicações com um câncer.
Curiosidades
Mesmo com tanta afinidade com roteiros, nenhum dos seus livros foi adaptado para o cinema. Se bem que ele prefere assim. Quando perguntado sobre o assunto na Feira do Livro de Guadalajara, México, em 2004 ele conta que:
“Está bem que, por uma vez, um livro fique como está, sem uma adaptação cinematográfica.”
Mas, por outro lado, já houve uma “adaptação musical” de A Sombra do Vento, o qual Zafón compôs no piano músicas temas para seus personagens.
Barcelona ficou mais famosa depois de Zafón. Há roteiros literários pela cidade com base nas obras de Carlos. E existe também um Guia da Barcelona de Carlos Ruiz Zafón, um livro de Sergi Doria baseado no livro Marina.
Em 2006, Carlos Ruiz Zafón ganhou um dos seus vários prêmios, o de Correntes d’Escritas onde o júri justificou a escolha pela “imaginação prodigiosa, em termos de construção simbólica e narrativa; pelo poder descritivo e alegórico; pela condensação de um imaginário de vários mitos fundadores ocidentais; pelo desenho das personagens”.
Ele aborda o poder da palavra, da literatura e nos mostra como a ficção transforma as vidas. Com isso, espero ter instigado sua curiosidade ao te apresentar Zafón, o meu escritor favorito. Boa leitura!